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Mudança faz parte do processo de reestruturação da companhia, que passa por uma grave crise financeira. Mudança faz parte do processo de reestruturação da companhia, que passa por uma grave crise financeira.
Arquivo Pessoal
Pouco mais de dois anos depois de mudar seu nome de Via Varejo para Via, uma das maiores empresas de varejo doméstico do Brasil resolveu voltar às origens e agora se chama Grupo Casas Bahia. A mudança também impacta o código de negociação das ações da companhia na bolsa de valores, a B3, que desta quarta-feira (20) em diante passa a ser BHIA3.
O grupo, que também é dono do Ponto (antigo Ponto Frio), decidiu inclusive retomar o tradicional slogan da Casas Bahia: “dedicação total a você”.
A mudança, segundo especialistas, é uma tentativa de reposicionar da marca e retomar o lugar de destaque que ocupava no imaginário popular, em um momento em que a empresa passa por um processo de reestruturação dos negócios, devido a uma severa crise financeira que atravessa nos últimos anos.
Não à toa, a companhia promoveu também um aumento de capital, liberando quase 780 milhões de novas ações no mercado, que tinham o objetivo de levantar R$ 1 bilhão para os cofres da companhia. A oferta de ações, porém, arrecadou um valor bem menor: pouco mais de R$ 620 milhões.
Mais um sinal ruim para a empresa. O mercado não está tão otimista com o futuro do grupo: desde o anúncio da mudança, na última terça-feira (12), as ações da Casas Bahia já despencaram mais de 30%. O motivo é que os problemas da companhia estão muito além do nome que ela carrega.
A situação do Grupo Casas Bahia
A mudança de nome ocorre em meio a uma grave crise financeira que a antiga Via enfrenta, com prejuízos cada vez maiores. Para se ter uma ideia, no 2º trimestre de 2023, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 492 milhões. Esse foi o quarto trimestre consecutivo de prejuízo, cada vez maiores.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama, destaca que o momento é difícil para todo o varejo. O setor sofre com os juros altos no país, que tornam os processos de financiamento e tomada de crédito mais caros, reduzindo significativamente o consumo da população e elevando os níveis de inadimplência.
Além disso, Iago Souza, analista de varejo da Genial Investimentos, pontua que o grupo passa “por um momento delicado no ambiente competitivo, com a desconfiança após a recuperação judicial da Americanas e com empresas estrangeiras inundando o mercado brasileiro de produtos asiáticos de preço baixo”.
No entanto, o principal problema da antiga Via atualmente é o seu elevado endividamento, diz José Eduardo Daronco, analista da Suno Research. “A companhia atualmente está com um resultado operacional muito abaixo do esperado, e a dívida está crescendo.”
Plano de reestruturação da empresa
A empresa já começou um plano de reestruturação de negócios. Em agosto, anunciou que vai fechar até 100 lojas físicas e demitir cerca de 6 mil funcionários, além de planejar reduzir até R$ 1 bilhão em seus estoques, deixando os produtos menos lucrativos apenas nos canais de venda online.
A mudança de nome, então, vem para “coroar” toda essa reestruturação e visa tirar a referência negativa que a Via se tornou por conta do momento financeiro ruim.
“Eles querem dar uma repaginada na empresa e também trazer uma imagem nova para os investidores, trazer um aspecto de que eles estão voltando às origens, época em que eles iam super bem”, afirma o analista de investimentos Vitor Miziara.
E o “retorno” mira, sobretudo, os pequenos investidores pessoa física, que representam boa parte da base de acionistas da companhia, destaca Phil Soares.
“O objetivo principal é aproximar a parte corporativa da empresa ao investidor de varejo. O nome ‘Casas Bahia’ tem extrema notoriedade, está há décadas no mercado brasileiro, tem milhões de clientes. Então, o objetivo é aproximar o investidor, especialmente o investidor de varejo, melhorar a familiaridade, para melhorar o apelo e a comunicação com o mercado de uma forma geral”, comenta o analista da Órama.
O mercado acredita na mudança?
Embora a retomada do nome Casas Bahia possa trazer um sentimento de nostalgia para os consumidores, isso não é suficiente para que o mercado fique mais otimista com os rumos da companhia, segundo Vitor Miziara. “Para os investidores, de nada vale mudar o nome ou não, afinal, todos estão mais preocupados com números do que com letras”, diz ele.
Iago Souza, da Genial, concorda e pontua que os investidores esperam melhores resultados operacionais. A postura ficou clara depois da oferta de ações fracassada da companhia, que levantou pouco mais da metade do dinheiro que desejava.
O analista pontua que o mercado ainda não comprou a tese do plano estratégico e aguarda os números dos próximos trimestres. Ele aponta, inclusive, para a possibilidade de que a Casas Bahia precise entrar com um pedido de recuperação judicial. “Existe espaço para a recuperação, sim. O plano apresentado tem boas propostas, mas estamos cautelosamente negativos ainda”, destaca.
Miziara pensa parecido e conclui: “acredito que o aumento de capital não será suficiente para evitar um pedido de recuperação, já que o valor injetado na empresa sustentaria a situação atual por, no máximo, três trimestres se os resultados continuarem como estão. Dado que tanto o preço das ações na última oferta como a demanda dos investidores foram fracos, não vejo espaço para um novo aumento de capital”.
Apesar de só ter conseguido cerca de R$ 620 milhões de uma projeção de R$ 1 bilhão, Eduardo Daronco, da Suno, afirma que os recursos trazem algum fôlego para a empresa continuar com sua reestruturação.
Já Soares, da Órama, tem visão mais otimista e considera que a mudança de nome pode trazer algum efeito positivo, ainda que esteja longe de ser o necessário para impulsionar as receitas do grupo, que precisa seguir com sua reestruturação e melhorar a lucratividade. Se isso ocorrer, ele acredita que a empresa “tem tudo para se recuperar da crise financeira”.
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