Mobly faz acordo para compra da Tok&Stok
Fundos geridos pela SPX transferem a totalidade de sua participação de 60,1% na Tok&Stok para a concorrente. A transação se dará por meio de aumento de capital da Mobly, afirmaram as empresas. Loja da Tok&Stok em shopping de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/Tok&Stok
A Mobly e fundos geridos pela SPX Capital anunciaram nesta sexta-feira (9) um acordo para a aquisição do controle da Tok&Stok.
A transação se dará por meio do aumento de capital da Mobly. Os fundos geridos pela SPX transferem a totalidade de sua participação de 60,1% na Tok&Stok para a Mobly e passam a deter 12% da companhia combinada.
Com a operação, a Mobly passa a operar 70 lojas físicas, de ambas as marcas. A receita líquida anual combinada atinge R$ 1,6 bilhão.
Em nota, a Mobly informou que as duas empresas continuarão a operar de forma totalmente independente, com suas respectivas marcas e posicionamentos de mercado.
“Mobly e Tok&Stok são negócios absolutamente complementares em relação aos públicos atingidos, canais de venda e fortalezas, como capacidade tecnológica, de logística, desenvolvimento de produtos e marca”, afirmou Victor Noda, fundador e presidente da Mobly, em comunicado oficial.
“Juntas, as duas empresas vão resultar em um negócio mais potente e gerar ainda mais valor para acionistas e seus respectivos públicos de interesse”, disse o executivo.
Segundo análise da consultoria Bain&Company, a operação tem potencial para gerar ganhos de eficiência entre R$ 80 milhões e R$ 135 milhões ao ano, atingindo sua maturidade em até cinco anos. Esses ganhos serão alcançados, sobretudo, com processos de verticalização (centralização da cadeia de produção), economias nas áreas de logística e distribuição e eficiência tributária.
O acordo prevê que os atuais acionistas minoritários da Tok&Stok, representados pela família fundadora da empresa, terão a opção de contribuir com sua participação acionária na companhia (39,9%) em ações da “nova” Mobly, na mesma proporção.
A concretização do acordo está sujeita ao cumprimento de condições precedentes. Entre elas está a aprovação, pela Justiça, de um pedido de recuperação extrajudicial envolvendo os credores da Tok&Stok e que prevê o alongamento do pagamento do principal da dívida e dos juros, com prazo final em 2034. Nesse caso, a maioria dos credores já concordaram com o acordo.
Assim, a dívida de cerca de R$ 100 milhões que a Tok&Stok mantém com os fundos da SPX Capital será transformada em debêntures conversíveis em ações da Mobly, com valor de R$ 9 por ação. O direito de conversão também será oferecido aos créditos detidos pelos acionistas minoritários da Tok&Stok.
“Temos convicção de que foi a melhor forma de criar valor nas duas companhias. A Tok&Stok terá suas dívidas alongadas, sua estrutura de capital equilibrada, fará parte de um grupo de capital aberto com muito mais acesso a recursos, além de uma gestão experiente e com visão de longo prazo”, afirmou Fernando Borges, sócio da SPX Capital e presidente do conselho de administração da Tok&Stok, em nota.
Os fundos geridos pela SPX Capital assumiram o controle da Tok&Stok há 12 anos, quando adquiriram 60% da companhia. Em 2023, fizeram um aumento de capital de cerca de R$ 100 milhões.
Tanto os fundos geridos pela SPX quanto os fundadores da Mobly se comprometeram com um lock-up de 24 meses. Isso significa que, durante esse período, ambos se comprometem a manter suas participações na Mobly.
Crise na Tok&Stok
Desde o ano passado a empresa enfrenta problemas financeiros. Foram vários episódios vividos pela rede de móveis. A companhia chegou a contratar a consultoria Alvarez & Marsal no início de 2023 para formatar uma reorganização financeira de uma dívida que chega a R$ 600 milhões.
Também no começo do ano passado, a empresa foi alvo de uma ação de despejo por falta de pagamento de aluguel, em Minas Gerais.
Apesar de ter conseguido quitar o valor de mais de R$ 2 milhões, posteriormente, a companhia enfrentou uma nova dificuldade em junho de 2023, após a Justiça determinar que a varejista precisaria desocupar um shopping em Ribeirão Preto, por conta de um novo atraso no aluguel.
Além disso, em abril, um dos principais parceiros de tecnologia da Tok&Stok entrou com um pedido de falência para a empresa em abril, alegando ter um valor em atraso de R$ 3,8 milhões para receber da rede de móveis, referente à conclusão antecipada de um projeto.
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