Lula sobe tom contra tarifas e ameaças de Trump: 'Cadê a democracia, cadê o livre comércio?'
Lula criticou anúncios de Trump sobre elevar taxação sobre importações e deportar imigrantes. ‘Eles têm que respeitar as coisas que nós fazemos aqui dentro. Esse país é nosso’, emendou. Lula discursa em evento da Petrobras
TVBrasilGov/Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva subiu nesta segunda-feira (17) o tom dos questionamentos contra o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Lula citou as ameaças do político norte-americano de elevar a taxação sobre as importações nos EUA e de deportar imigrantes para cumprir o lema “América para os americanos” – ameaças que Trump já começou a cumprir.
“Os EUA, depois da 2ª Guerra Mundial, se comportaram aos olhos do mundo como símbolo da democracia. […] Vem um novo presidente e muda radicalmente o discurso. Destrói aquele Consenso de Washington de 1980, do Reagan e da Margaret Thatcher. De que o negócio era não ter barreira comercial, negócio livre, que não tinha que ter imposto, empecilho”, disse Lula em um evento da Petrobras, no Rio de Janeiro
“E agora, entra um novo presidente e qual é o discurso do novo presidente? ‘América para os americanos. Nós vamos taxar tudo que é produto importado e vamos mandar embora tudo que é imigrante’. Os imigrantes que foram para os EUA, ajudaram a construir aquela pátria grande, ajudaram a construir riqueza dos Estados Unidos, até vota a maioria e resolveram mandar embora. Os latino-americanos que foram para lá fazer trabalho que os americanos já não queriam mais fazer”, comparou.
“E aí, eu fico pensando. Cadê a democracia, o respeito ao livre trânsito do ser humano se você tem livre trânsito do capital? Cadê o livre comércio que foi tão apregoado? E aí começa a ameaçar o mundo. Todo dia tem uma ameaça, uma coisa. O Brasil é um país de paz, a gente não tem divergência com nenhum país”, seguiu Lula.
Grupo de brasileiros deportados pelos Estados Unidos desembarca no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte
As medidas de Trump já começaram a impactar o Brasil, nesses dois aspectos:
no campo do comércio exterior, as tarifas sobre o aço e o alumínio atingem frontalmente os produtores brasileiros – que, em 2024, ficaram apenas atrás do Canadá entre os principais fornecedores externos para os EUA;
na área de imigração, o Brasil já recebeu dois voos com deportados desde o início do ano. No primeiro, a tentativa de agentes americanos de manter o uso de algemas e correntes após o primeiro pouso em solo brasileiro gerou disputa entre os dois países.
“É verdade que os EUA é dos americanos, a China é dos chineses, a Rússia é dos russos, a Índia é dos indianos. Mas é verdade que o Brasil é do povo brasileiro e eles têm que respeitar as coisas que nós fazemos aqui dentro. Esse país é nosso”, disse Lula.
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