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Cenário já era esperado porque oferta interna da commodity está limitada, devido à produção reduzida no em São Paulo e no Triângulo Mineiro, aponta USP de Piracicaba (SP). Laranjas em caixas aguardam transporte após receberem aplicação da cera de carnaúba em packing house da Citrícola Lucato, em Limeira (SP)
Fábio Tito/g1
As exportações brasileiras de suco de laranja iniciaram os embarques em ritmo lento na abertura da safra deste ano, vigente entre julho de 2024 e junho de 2025, mantendo o mesmo cenário do ano-safra anterior. Por outro lado, a baixa oferta doméstica fez as importações da fruta in natura baterem recorde com alta de 87%, conforme aponta boletim mais recente do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq, o campus da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba (SP), divulgado nesta sexta-feira (15).
O panorama já era estimado devido a safra menor diante das condições climáticas na época das floradas no ano passado e o greening – doença que atinge os pomares. – Entenda cenário, abaixo, na reportagem.
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Análises do Cepea, com base nos dados do Sistema Oficial de consulta estatísticas do comércio exterior brasileiro de bens (Comex Stat) do governo federal, demonstram foram embarcadas 53,4 mil toneladas de suco de laranja (em equivalente concentrado) em julho deste ano. A marca representa queda de 38% na comparação com o mesmo período de 2023.
O cenário já era esperado porque a oferta da commodity no Brasil está limitada, devido à produção reduzida no estado de São Paulo e no Triângulo Mineiro, afirmam pesquisadores do Cepea.
“Ao mesmo tempo, as importações brasileiras de laranja in natura estão em volumes recordes neste ano, impulsionadas pela baixa oferta doméstica e pelos altos preços das frutas nacionais. De acordo com o Comex Stat, de janeiro a julho, foram adquiridas 34,8 mil toneladas, 87% a mais que em igual intervalo do ano passado”, detalha o Centro de Pesquisas da Esalq-USP.
Preços das frutas cítricas
Os preços de negociação das frutas cítricas acompanhadas por este Centro devem seguir em alta em agosto, segundo levantamento do Cepea.
“O suporte continua atrelado à expectativa de oferta restrita de todas as variedades, mesmo com a laranja em pico de safra”, prevê os pesquisadores do setor.
Julho
A pera in natura foi negociada à média de R$ 91,27 a caixa de 40,8 kg, na árvore em julho, valor equivalente a aumento de 6,5% na comparação com junho deste ano e o dobro, em torno de 103% acima do valor nominal registrado em julho de 2023.
Na indústria, a pera e as tardias tiveram média de R$ 80,46 a caixa de 40,8 quilos, colhida e posta na fábrica, o que equivale a alta de 5,1% no comparativo mensal e de 82% no anual.
Aos produtores
O mês de julho começou com preços firmes da laranja para os produtores mesmo diante do recuo na demanda com a chegada do inverno e dias mais frios. Na primeira semana do mês, as altas no mercado de mesa ultrapassam os 23%, a depender da variedade da fruta in natura.
A explicação para a sustentação no mercado de mesa está nos reflexos causados pelas altas das cotações na indústria e na baixa oferta restante.
O levantamento do Cepea demonstra que, na parcial desta semana, entre os dias 1º e 5 de julho, a cotação média da laranja pera na árvore foi de R$ 89,61a caixa de 40,8 quilos.
A marca representa aumento de 2,67% em relação à ultima semana de junho, apontam as pesquisadoras Ana Carolina Koga de Souza e Fernanda Geraldini, em análise publicada na Revista Hortifrúti Brasil.
Para a lima ácida tahiti, as cotações, que estavam enfraquecidas, reagiram, de acordo com análise do Cepea. Segundo colaboradores do Centro, as exportações se aqueceram, e a oferta de fruta de qualidade está limitada.
Foto de arquivo: Laranjas no pé
TV TEM
“De segunda a quinta, a variedade da lima ácida tahiti colhida é negociada a R$ 31,75 a caixa de 27 quilos. O valor equivale a alta de 23,27% frente ao intervalo anterior.
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Indústria x In natura
O cenário apresentou movimento contrário em junho. As especialistas no setor de Citrus do Cepea ressaltam que mesmo os produtores de frutas de mesa começaram a focar na indústria em vez do mercado in natura no sexto mês do ano.
“A indústria está com preços atrativos e oferece algumas vantagens em relação ao mercado in natura, como a aquisição de maiores volumes por vez e o menor risco de inadimplência”, pontuam.
Pomares de laranja de SP
Reprodução/TV TEM
A laranja e tangerina poncã fecharam junho com valorização. O valor médio da laranja pera no mercado in natura foi de R$ 85,73 a caixa de 40,8 quilos na árvore. Uma alta de 6,9% em relação a maio. Na indústria, o preço praticado para a pera e para as tardias fechou em R$ 76,09/cx de 40,8 kg, colhida, alta de 14,35% na mesma comparação.
A oferta de tangerina poncã, por sua vez, se reduziu durante o mês de junho, resultando em novo aumento de preços. A média de comercialização da poncã no mercado paulista durante o mês foi de R$ 67,26/cx de 27 kg, na árvore, avanço de 22,2% em relação a maio.
Recorde em fevereiro
Em fevereiro, o preço da laranja chegou ao maior patamar dos últimos 30 anos no estado de São Paulo. Entre fevereiro de 2022 e 2023, o valor da fruta superou a cotação nacional. As explicações para o aumento são as altas temperaturas registradas e os impactos do greening.
O produtor do setor em Mogi Mirim (SP), João Salani, aponta que a produção chegou a cair em 50% nos últimos anos devido ao greening. “A doença foi atacando as lavouras ao poucos e avançou”, disse.
Preço da laranja atinge maior patamar de 30 anos em fevereiro de 2024 no estado
Baixa no estoque de suco
A combinação de impactos na safra e alta nos preços fez com o que os estoques de suco de laranja chegassem ao segundo menor nível já registrado, de acordo com a Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos.
O Brasil é responsável por abastecer cerca de 75% do mercado mundial de suco de laranja e tem precisado de mais matéria-prima.
Greening
Reprodução / Globo Rural
Greening: entenda impactos para safra
O greening, também conhecido como huanglongbing e HLB, é uma doença que ataca todos as lavouras de cítricos, não apenas no Brasil, mas em outros 130 países. Ela não tem cura e já consumiu mais de US$ 2 bilhões nos EUA na tentativa de ser controlada.
Segundo o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), a incidência do greening cresceu 56% e passou de 24,4% em 2022, para 38,06% em média em 2023.
As especialistas ressaltam os impactos do greening sobre o mercado da laranja no Brasil e, especialmente, em São Paulo, por ser uma doença que afeta os pomares. O cenário é ainda mais prejudicado pelas ondas de calor, com temperaturas elevadas e à falta de chuvas.
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