Dólar sobe e fecha no maior nível desde junho, após ata do Copom e com cautela no exterior; Ibovespa cai aos 114 mil pontos
A moeda norte-americana avançou 0,42%, cotada a R$ 4,9870. Já o Ibovespa fechou em queda de 1,49%, aos 114.193, também no menor patamar em pouco mais de dois meses. O dólar fechou em alta nesta terça-feira (26), após ter passado boa parte da manhã oscilando entre altas e baixas. Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, encerrou em queda.
No Brasil, investidores repercutiram a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), além de digerirem novos dados de inflação.
Já no exterior, a preocupação seguiu com a situação da China, que vive um período de crise no setor imobiliário, um dos mais importantes de sua economia. O cenário de juros nos Estados Unidos, que chegaram ao maior patamar desde a crise de 2008, também ficou no radar.
Veja abaixo como foi o dia nos mercados.
Dólar
Ao final da sessão, a moeda norte-americana avançou 0,42%, cotada a R$ 4,9870. Veja mais cotações.
No dia anterior, o dólar fechou com alta de 0,69%, vendido a R$ 4,9662. Com o resultado de hoje, a moeda passou a acumular:
altas de 1,11% na semana e de 0,75% no mês;
queda de 5,51% no ano.
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Ibovespa
Já a Bolsa de Valores brasileira, por sua vez, recuou 1,49%, aos 114.193 pontos, no menor patamar em pouco mais de dois meses.
Na véspera, o Ibovespa fechou o dia em leve queda de 0,07%, aos 115.925 pontos. Com o resultado de hoje, o índice passou a acumular:
quedas de 1,56% na semana e de 1,34% no mês;
alta de 4,06% no ano.
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No Brasil, um dos principais destaques do dia ficou com a ata do Copom. No documento, o colegiado sinalizou que é pouco provável que ocorra uma aceleração nos cortes de juros, uma vez que as expectativas ainda são de inflação elevada, e avaliou que as contas públicas estariam entre os fatores a pressionar os preços no país.
Na semana passada, a taxa Selic caiu pela segunda vez consecutiva, passando de 13,25% para 12,75% ao ano. O corte foi de 0,50 ponto percentual.
Para as próximas reuniões, os integrantes do Copom concordaram, de forma unânime, com a expectativa de novos cortes de mesma magnitude e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de desaceleração dos preços.
Ainda no cenários doméstico, o mercado olhou com atenção para a notícia de que o governo foi ao Supremos Tribunal Federal (STF) para tentar rever a cobrança dos precatórios federais, pedindo a derrubada de trechos da chamada “PEC dos Precatórios”.
O Ministério da Fazenda pediu que o órgão torne os principais dispositivos da medida inconstitucionais e determine o pagamento imediato de todas as dívidas já expedidas.
Para isso, o governo quer classificar o principal – o valor da dívida — como despesa primária, deixando os juros sobre esse valor principal com despesa financeira,
Ou seja, ficariam fora da meta de resultado primário e dos limites de despesa que o governo deve cumprir. Isso faz diferença para o governo atingir ou não as metas de gastos a cada ano.
Já entre os indicadores do dia, as atenções ficaram voltadas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), que é considerado a prévia da inflação oficial. O indicador de setembro, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) subiu 0,35% no mês, puxado pela gasolina.
A prévia da inflação veio em linha com o que era esperado pelo mercado. No acumulado em 12 meses, o indicador tem alta de 5%, enquanto em 2023, até aqui, o avanço é de 3,74%.
Nos Estados Unidos, os juros continuam a chamar a atenção. Em sua última reunião, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) sinalizou que as taxas devem continuar em patamares elevados por vários meses, para conter a pressão inflacionária, após manter os juros inalterados entre 5,25% e 5,50% ao ano.
No entanto, o comunicado da instituição mostrou que nem todos os dirigentes concordavam com a decisão e que, dependendo dos próximos dados de inflação, novos aumentos das taxas poderiam vir pela frente.
Com essa preocupação no radar, a taxa de 10 anos dos títulos públicos americanos – tidos como os mais seguros do mundo – chegou a bater 4,56%, no maior nível desde 2007, quando o banco Lemann Brothers quebrou e a crise financeira teve início.
Ainda no exterior, os investidores seguem de olho nas dificuldades do setor imobiliário chinês. O aprofundamento da crise na gigante chinesa Evergrande – que está com uma dívida de US$ 35 bilhões – continua chamando a atenção do mercado e gerando preocupações.
No fim da semana passada, a incorporadora anunciou o cancelamento de um plano de reestruturação da sua dívida de cerca de US$ 35 bilhões. Depois, no domingo (24), a empresa informou que está impossibilitada de emitir novos títulos de dívidas, que são usados para financiar parte de seus pagamentos – o que tonar a situação ainda mais difícil de honrar seus compromissos financeiros.
O receio é que a crise da Evergrande e do setor imobiliário como um todo, que é um dos mais importantes para a atividade econômica do país, gere um efeito cascata sobre toda a economia.
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