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BC tentou realizar um leilão de US$ 1,5 bilhão para amenizar a alta da moeda americana na última semana, mas investidores se desanimaram com a piora das contas públicas no Brasil.
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O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (30), mesmo com a intervenção do Banco Central do Brasil (BC) para conter o avanço da moeda norte-americana.
Depois da disparada de ontem, o BC realizou dois leilões de dólares para controlar a cotação do câmbio. O primeiro foi frustrado em parte pelo desânimo dos investidores logo cedo, depois que saíram os resultados da dívida pública brasileira, que pioraram bastante em julho. O Banco Central, então, realizou um segundo leilão no início da tarde. (saiba mais abaixo)
No exterior, o mercado acompanha novos dados de inflação nos Estados Unidos, que vieram levemente melhor que o esperado, e avaliam qual pode ser a atitude do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) já que a atividade econômica demonstrou força nos dados divulgados na véspera.
Em meio ao clima de dúvida, o Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em leve queda.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
O dólar subiu 0,17%, cotado a R$ 5,6325. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,6916. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
alta de 2,79% na semana;
recuo de 0,38% no mês;
avanço de 16,07% no ano.
No dia anterior, a moeda americana teve alta de 1,20%, cotada em R$ 5,6231.

Ibovespa
O Ibovespa caiu 0,03%, aos 136.004 pontos.
Com o resultado, o Ibovespa acumulou:
alta de 0,29% na semana;
alta de 6,54% no mês;
ganhos de 1,36% no ano.
Na véspera, o índice fechou em baixa de 0,95%, aos 136.041 pontos.

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O que está mexendo com os mercados?
Logo pela manhã, o BC promoveu um leilão de até US$ 1,5 bilhão no mercado de câmbio à vista, para tentar conter a alta expressiva do dólar nos pregões desta semana. De segunda até quinta-feira, o dólar já avançou 2,62% e ficou cotado acima dos R$ 5,60.
O dólar vem em tendência de alta durante todo o mês de agosto. A moeda chegou a ultrapassar os R$ 5,80, conforme os investidores ficam mais receosos com a situação fiscal do Brasil e ainda em dúvida sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos.
Num leilão de dólar à vista, o BC vende dólares de suas reservas financeiras para aumentar a quantidade disponível da moeda em circulação e baixar seu preço.
Ainda assim, outros fatores continuam pressionando o dólar. Também na manhã desta sexta-feira, o BC divulgou os resultados fiscais do mês de julho, que constatou um déficit primário (quando as despesas superam as receitas) das contas públicas maior que o esperado e aumento da dívida.
O setor público consolidado registrou um déficit de R$ 21,3 bilhões, muito maior do que a expectativa de economistas consultados em pesquisa da Reuters, que esperavam um saldo negativo de R$ 5 bilhões.
Os números do BC apontam que o saldo negativo do mês foi composto por déficits de R$ 8,6 bilhões do governo central, R$ 11,1 bilhões dos governos regionais e R$ 1,7 bilhão de reais de empresas estatais.
A dívida pública bruta do Brasil como proporção do PIB passou de 77,8% no mês anterior para a 78,5%.
Depois de o dólar encostar na casa de R$ 5,70, o BC realizou um novo leilão no início da tarde, este no formato de contratos de “swap cambial”. Neste modelo, o BC realiza uma operação que equivale à uma venda de moeda no mercado futuro (derivativos), o que reduz a pressão sobre a alta da moeda.
Os swaps são contratos para troca de riscos: o BC oferece um contrato de venda de dólares, com data de encerramento definida, mas não entrega a moeda norte-americana. No vencimento desses contratos, o investidor se compromete a pagar uma taxa de juros sobre o valor deles e recebe do BC a variação do dólar no mesmo período.
Esses contratos servem também para dar “proteção” aos agentes que têm dívida em moeda estrangeira – neste caso, quando o dólar sobe, eles recebem sua variação do BC. Por isso, são uma alternativa para conter o avanço do preço da moeda.
O mercado também repercute uma declaração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, em evento da CNN. Ele afirmou que a “parte mais difícil da economia brasileira é enquadrar o fiscal hoje. A despesa continua subindo acima da receita”.
“A parte fiscal tem sido relevante e tem influenciado expectativas de inflação e a curva de juros futuros”, comentou Campos Neto.
No evento, Campos Neto disse que há também uma preocupação sobre se o crescimento atual da massa salarial representa risco inflacionário ou não. Recentemente, o mercado de trabalho aquecido vem sendo citado pelo BC como um risco altista para a inflação.
Inclusive, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou nesta sexta que a taxa de desemprego no Brasil foi de 6,8% no trimestre encerrado em julho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.
Esse é o melhor resultado para o período desde 2014 e também representa uma queda de 0,7 ponto percentual em relação à taxa registrada no trimestre encerrado em abril.
O número absoluto de desocupados foi de 7,4 milhões de pessoas, e a ocupação bateu recorde, estimada em 102 milhões de pessoas.
O rendimento real habitual ficou estável frente ao trimestre anterior, e passou a R$ 3.206. Na comparação anual, o crescimento foi de 4,8%. Já a massa de rendimento real habitual foi estimada em R$ 322,4 bilhões, alta de 1,9% no trimestre e de 7,9% no ano.
Com as contas públicas patinando e uma possível pressão inflacionária voltando a surgir no radar, o mercado volta a projetar uma taxa básica de juros maior nos próximos meses.
Nos Estados Unidos, o mercado repercute a divulgação da inflação medida pelo PCE, o indicador favorito de Fed, que veio melhor que o esperado. O indicador registrou alta de 2,5% em um ano até julho, mesmo patamar que o registrado em junho e menor que os 2,6% projetados.
O PCE é um indicador que mede a inflação de uma forma mais flexível. Diferentemente do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), por exemplo, que tem uma cesta de bens e serviços já definida e acompanha a inflação desses itens todos os meses, o PCE mede a variação dos preços com cestas que englobem os itens mais consumidor pela população naquele período.
O número acalma o mercado, mas ainda há dúvidas sobre qual será a condução do Fed com sua política monetária na reunião de setembro e nos próximos meses.
Isso porque as dúvidas se renovaram depois que dados de ontem mostrarem um PIB a 3% no segundo trimestre de 2024, uma atividade econômica bem acima das expectativas, e um número menor que o esperado de pedidos de seguro-desemprego.
Hoje, as taxas de juros no país estão entre 5,25% e 5,50% ao ano e o mercado já dá como certo que a instituição vai promover um corte em setembro, principalmente depois do discurso do presidente, Jerome Powell, afirmar que “chegou a hora de mudar a política (monetária)” na semana passada.
O chefe do Fed, porém, não deu certeza sobre qual será a magnitude desse corte nos juros.
O tamanho desse corte e qual será a posição do Fed nas próximas reuniões até o fim do ano estão no centro das atenções do mercado, que esperam uma pista mais certeira sobre o que vai acontecer para calibrar suas carteiras de investimentos.
Quanto mais as taxas caem, maior é o impulso para a atividade econômico, pois juros menores barateiam a tomada de crédito para empresas e população — o que estimula o consumo, os investimentos em ativos mais arriscados e a economia como um todo.
Mas se a economia continuar mostrando resiliência, com uma atividade econômica crescente e um mercado de trabalho mais equilibrado, os cortes nas taxas podem ser mais moderados, de forma a não permitir que a pressão inflacionária volte a impactar os Estados Unidos com força.
* Com informações da agência de notícias Reuters
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