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Campos Neto lembrou que os investidores estão de olho nas projeções para a dívida brasileira, que atingiu 78,5% do PIB em julho. Ele participou de evento do setor de Franchising. Roberto Campos Neto em evento do BTG Pactual, em São Paulo
Divulgação/BTG Pactual
Após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmar que tem acontecido uma melhora das contas públicas, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pontuou que o “desafio fiscal” do Brasil ainda é grande.
A declaração foi dada em palestra no evento “Conexão 50 – Encontro dos Líderes do Franchising”, em São Paulo, mesmo evento que Haddad discursou mais cedo nesta sexta-feira (30).
Campos Neto lembrou que os investidores estão de olho nas projeções para a dívida pública brasileira, que atingiu 78,5% do PIB em julho deste ano.
E que as estimativas já consideram o arcabouço fiscal, a nova regra para as contas públicas aprovada em 2023.
“A gente tem dificuldade em montar um cenário onde tenha a dívida convergindo e caindo. Na premissa mais otimista, tem a dívida estabilizando em 80% do PIB, que é o mais alto do mundo emergente. Tem um desafio fiscal grande, é super difícil, é a parte mais difícil. Vemos o ministro [Haddad] se esforçando muito ,mas ele não controla todas variáveis”, declarou Campos Neto.
De acordo com o presidente do BC, é importante ter harmonia fiscal, controle das contas públicas, com a harmonia monetária, pois as políticas “trabalham muito em conjunto pra gente conseguir trabalhar em crescimento sustentável e juro baixo”.
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No ano passado, Campos Neto explicou que os juros são altos no Brasil porque o endividamento também é elevado.
“Na parte dos juros, a gente não pode confundir causa e efeito. A dívida não e alta porque os juro é alto. É o contrário, o juro é alto porque a dívida é alta. Quando você endividado vai ao banco, e o banco faz uma análise que você é endividado e não paga a dívida, o juro é alto”, declarou Campos Neto, na ocasião.
Ministro da Fazenda
Mais cedo, no mesmo evento, o ministro Haddad declarou que está havendo uma melhora das contas do governo neste ano, após o rombo de R$ 230,5 bilhões em 2023 (causado, em parte, pelo pagamento atrasado de precatórios e de ressarcimento aos estados e municípios).
Segundo ele, o governo teria um déficit zero neste ano, conforme a meta fiscal proposta na Lei de Diretrizes Orçamentárias, caso não fossem algumas derrotas “compreensíveis” no Congresso Nacional.
“Se tivéssemos aprovado 100% do que propusemos ao Congresso ano passado, estaríamos com déficit zero nesse ano. Não é déficit zero porque vendi a Petrobras. É sustentável. E que tivemos percalços […]. Adiamos um pouco os resultados, mas a democracia é isso. É melhor ter Congresso dialogando com você, do que não ter congresso”, declarou Haddad, no evento.
Ele lembrou das regras do arcabouço fiscal de que as despesas não podem crescer mais do que 70% da alta das receitas, e avaliou que, por isso, o governo “contratou o equilíbrio fiscal em algum momento da vida”. Citou ainda a melhora da nota brasileira pelas agências de classificação de risco.
Segundo analistas, entretanto, sem o corte de gastos obrigatórios, o arcabouço fiscal pode não durar muito tempo, pois o espaço para despesas livres do governo cairá para zero nos próximos anos.
Sobre a meta de déficit zero para as contas do governo em 2024, o ministro da Fazenda afirmou que existe uma “probabilidade que, se o Congresso aprovar a compensação da desoneração [da folha de pagamentos de setores da economia e dos municípios], de a gente estar na banda da LDO”.
De acordo com a última projeção do governo, divulgada em julho, as contas do governo deverão registrar um déficit de R$ 9,3 bilhões neste ano.
Pelas regras do arcabouço fiscal, há uma banda de 0,25 ponto percentual do PIB para cima e para baixo da meta fiscal.
Com isso, o governo pode registrar um rombo de até R$ 28,8 bilhões em 2024 sem que o objetivo seja descumprido.
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