Em busca do Sucesso

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Plantações ficam no município de Viana e são resultados da inauguração do primeiro campo cervejeiro municipal experimental do país. Lúpulo é estudada também até em atividade contra células cancerígenas da mama. Produção de lúpulo em Viana: já tem cervejaria usando o produto cultivado no ES
André Perin resolveu aproveitar as terras do avô, que ficam em Lapinha, zona rural de Viana, na Região Metropolitana de Vitória, e dividir o espaço de produção de alface para apostar na produção de lúpulo e, assim, diversificar o cultivo da família. A produção tem despertado interesse e é usada para fabricar cervejas artesanais. Além disso, pesquisados já miram novos usos para a planta, como chás e cosméticos.
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Há poucos meses, numa área com menos de 400 metros quadrados, o jovem plantou 200 pés de lúpulo, um dos principais ingredientes para a fabricação de cerveja. A primeira colheita aconteceu no mês de setembro.
“O resultado foi muito superior ao que a gente imaginava. Na primeira colheita, a gente estava esperando, em média, 300, 500 gramas de lúpulo por planta. Mas conseguimos tirar o triplo disso, até 1,5 kg por planta, o que é muito bom”, comemora André.
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Lúpulo produzido em Viana (ES)
Reprodução/TV Gazeta
Ele contou que foi um dos primeiros a entrar no projeto da Prefeitura de Viana, lançado em 2022, que investiu para transformar a cidade no município do lúpulo do Espírito Santo, dando consultoria, mudas e insumos para os produtores agrícolas interessados. 
Robertha Bragato é agrônoma e subsecretária de agroecologia e produção orgânica de Viana. É ela quem presta assistência técnica aos produtores rurais do município que toparam experimentar o cultivo.
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Ela explicou que, em campo aberto, com máxima exposição de luz solar, o lúpulo consegue ter uma alta produtividade em uma pequena área, o que ajuda na decisão do produtor que resolve diversificar e entrar no projeto.
Estacas de eucalipto e luz artificial ajudam no crescimento das plantas
O lúpulo é uma planta nativa do Hemisfério Norte e cresce em forma de trepadeira. Por essa característica, precisa de estacas para se prender durante o seu crescimento.
Nas propriedades de Viana, “as estacas são feitas de eucalipto de sete metros, sendo que seis ficam acima do solo. Nesses eucaliptos, a planta sobe, consegue fazer a condução e a floração e, posteriormente, os cones da produção”, detalha Robertha.
Lúpulo produzido em Viana (ES)
Reprodução/TV Gazeta
A produção do lúpulo é toda orgânica e não existem muitas ameaças de pragas. Mas isso não significa que a plantação não precisa de cuidados especiais. Desde as primeiras e mais antigas produções do mundo, o lúpulo é mais utilizado em regiões da linha do equador e do Hemisfério Norte, por causa do cumprimento de horas de luz em um dia. 
“O que o lúpulo precisa é de muita luz. No Brasil, temos cerca de 10 a 12 horas de luz em um dia, dependendo da estação do ano. O que fazemos em algumas regiões é suplementar as plantas com horas de luz, com a utilização de lâmpadas. São cerca de 3 a 4 horas a mais de luz colocada à noite para ter uma produção de alta qualidade”, finalizou Roberta.
Pesquisadores exploram as propriedades do lúpulo
Lúpulo produzido em Viana (ES)
Reprodução/TV Gazeta
O cultivo de lúpulo na zona rural de Viana faz parte de um projeto que começou no ano passado, com o objetivo de transformar o município no primeiro polo cervejeiro público do país. 
Em janeiro de 2022, a prefeitura implementou o primeiro campo de lúpulo experimental municipal do país e fez experimentos com sete variedades da planta, que foram sendo multiplicadas até começarem a ser distribuídas para os produtores agrícolas.
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Paralelamente, começou também um outro braço do projeto que é o de pesquisa. O lúpulo passou a ser estudado e analisado nos laboratórios do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), campus de Vila Velha.
Lúpulo produzido em Viana (ES)
Reprodução/TV Gazeta
De acordo com Juliano Souza Ribeiro, doutor em Química e professor do instituto, os resultados até agora são muito satisfatórios. “Quando a gente começou a trabalhar, a olhar para o lúpulo, tudo era difícil, pois se tratava de uma planta que não era conhecida, pois até então ela só era importada. Então, começamos o trabalho com análises extremamente básicas”.
Primeiro, o lúpulo foi pensado relacionado à cerveja. “Tínhamos duas grandes duas propriedades para serem analisadas: uma é o quanto ele trazia de amargor e, a outra, é o quanto os óleos essenciais dele traziam de frescor”, explicou Juliano.
Entretanto, como existem campos dentro do Ifes voltados para questões químicas e de saúde, com o passar dos meses, os pesquisadores conseguiram levar a planta para outros níveis de pesquisa.
Lúpulo produzido em Viana ajuda a baratear a produção de cerveja no ES
Reprodução/TV Gazeta
“Começamos vendo que ela tinha atividade antioxidante, relacionada com o atraso do envelhecimento celular. Depois, seguimos fazendo estudos desde os micros até os macronutrientes do lúpulo, e agora temos estudos, por exemplo, ainda com resultado preliminar, que mostram que o extrato de lúpulo teve atividade contra células cancerígenas da mama”.
“Então, o lúpulo não só ficou para essa parte da cerveja, mas estamos tentando levá-lo para outros níveis, como fármacos, chás e cosméticos”, afirma Juliano.
Cerveja produzida em Viana
Uma nova parte do projeto também já está se tornando realidade. Além da produção, das análises e dos benefícios descobertos, o lúpulo de Viana já está virando cerveja. A primeira produção foi agora no mês de agosto.
Por enquanto, são três cervejarias utilizando o lúpulo produzido no município e a prefeitura já cadastrou 25 novos agricultores interessados no cultivo da planta, que devem ganhar mudas e insumos, sem custo. É assim que o polo cervejeiro tem se consolidado. 
Lúpulo produzido em Viana (ES)
Reprodução/TV Gazeta
A maior parte das cervejarias importa o lúpulo de outros países, por isso a produção local pode reduzir o custo da produção da bebida no município.
O prefeito de Viana, Wanderson Bueno, comemora os resultados. “Já temos uma ótima experiência da primeira colheita, feita com grande sucesso. Já produzimos cerveja genuína produzida do município. E também estamos fazendo a expansão para outros campos em outras propriedades”.
Stefano Lombardi é proprietário de uma das cervejarias que está utilizando o lúpulo de Viana. Ele possui dez tanques, que produzem 12 mil litros de cervejas, de dez estilos diferentes, por mês. Dois desses tipos da bebida, são fabricados com o lúpulo local. 
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“Fizemos testes com lúpulo colhido a 100 metros da cervejaria, levado para fervura no dia da colheita. O resultado foi muito melhor do que esperava, e a aceitação do público maravilhosa. O processo trouxe uma refrescância, um sabor mentolado e também a característica de cerveja feita como antigamente”, comemora Stefano.
Francisco Sizino, secretário executivo do polo cervejeiro, também está pensando positivo com os resultados.
“Para se ter uma ideia, até o final do ano teremos dez campos de lúpulo instalados em Viana. Até o primeiro semestre de 2024, serão 20. Sairemos de uma produção prevista de 2 toneladas, para 4 toneladas de lúpulo. Vamos desenvolver o campo, potencializar o turismo de experiência e fazer do município a capital do lúpulo do Estado”, finalizou.
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