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Espécie já foi encontrada em praias no litoral de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Maranhão. Territorialistas e predadoras, tilápias podem causar a extinção de espécies marinhas menores. Tilápia registrada na Praia da Vila, em Saquarema, no Rio de Janeiro
Franco et al/Figshare
O aparecimento de centenas de tilápias – peixes naturais de água doce – na costa marítima brasileira tem provocado preocupação entre especialistas em biologia marinha.
O fenômeno – registrado no litoral de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Maranhão – virou alvo de pesquisa entre estudiosos de onze instituições brasileiras, que constataram que a espécie tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) tem se adaptado ao ambiente marinho.
Vale ressaltar, porém, que a espécie tem ancestrais marinhos e, por isso, tolera um pequeno grau de salinidade – quantidade de sais presentes na água.
Sem precedentes, o surgimento da espécie nos oceanos pode provocar uma série de impactos ambientais negativos, explica o biólogo Jean Vitule, que contribuiu para o estudo publicado na revista científica Aquatic Ecology.
Alguns dos riscos são:
🦠 Geração de novas doenças;
🦐 Extinção de animais marinhos;
🌿 Surgimento excessivo de algas;
🏄‍♂️ Tornar a água do mar imprópria para banho;
🎣 Intoxicação através do consumo da carne.
Entenda os riscos
A propagação de doenças, a partir dos dejetos e restos mortais liberados pelas tilápias na água, é uma das possíveis consequências.
“Não sabemos se elas são capazes de se reproduzir no mar e por quanto tempo sobrevivem neste ambiente, mas, temos consciência que a presença delas pode causar o surgimento de parasitas, doenças e outros problemas ecológicos que ainda não entendemos”, afirma Vitule, também coordenador do laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná.
Registros foram usados em estudo sobre adaptação das tilápias à água salgada
O material orgânico deixado pelos cardumes pode elevar as taxas de eutrofização – surgimento excessivo de algas – causando a intoxicação de outros animais marinhos.
Além disso, com a infestação de organismos tóxicos, a água do mar pode se tornar imprópria para banho, explicou biólogo.
“Não estamos decretando que esses problemas acontecerão, mas acendemos um alerta. É preciso identificar de onde elas vieram (…) e monitorar para antecipar ações e evitar consequências desastrosas”, ressalta.
O comportamento das tilápias também é outro agravante, segundo os pesquisadores. Territorialistas e predadoras, as tilápias comem de tudo e, portanto, a presença delas do mar pode se refletir na extinção de espécies marinhas menores, como camarões e corais.
“Estamos estudando também a ecotoxicologia das tilápias. Sabemos que elas são tolerantes fisiologicamente ao acúmulo de metais pesados na água. Ou seja, as pessoas podem consumir esses peixes e se expor a novas doenças”, completa Vitule.
Falta de monitoramento
Para o engenheiro agrônomo, o propósito do estudo é alertar sobre o fenômeno para que os órgãos de monitoramento e fiscalização identifiquem o que desencadeou a invasão de tilápias no mar. Dessa forma, ações preventivas podem ser realizadas, a fim de reduzir os impactos ambientais.
Apesar do estudo detectar que a presença da espécie na costa brasileira é maior em regiões onde há concentração de criadouros voltado à aquicultura , ainda não é possível afirmar que o fenômeno foi motivado por escapes e seleção natural (modificação da espécie para sobrevivência)”.
“O que não sabemos é de que sistema exatamente elas vieram e qual é a relação exatamente que essas tilápias – as que estão no mar – tem com a aquicultura, já que não temos um bom mapeamento da aquicultura no Brasil”, explica Ana Clara Sampaio Franco, uma das coordenadoras do estudo e pesquisadora da Universidade de Girona na Espanha.
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Nesse contexto, o desafio em identificar o que motivou o fenômeno está ligado à falta de informações sobre as atividades aquícolas no Brasil.
“Chegamos à conclusão que não existe no Brasil uma base boa, unificada e atualizada de dados sobre as estruturas de aquicultura, as espécies que são cultivadas e onde são cultivadas em pequena e média escala. A ausência desse levantamento não nos permite traçar com exatidão as possibilidades de ocorrência da tilápia”, conta Ana Clara.
O g1 procurou o Ministério da Pesca e Aquicultura e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico para saber de que forma os órgãos monitoram as atividades aquícolas e se eles estão cientes sobre o aparecimento de tilápias em ambientes marinhos. No entanto, até a publicação desta matéria, nenhuma das instituições se manifestou.
Tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus) é uma das mais dispersas no país
Corey Farwell/iNaturalist
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