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Em todo o Rio Grande do Sul, mais de três milhões de hectares foram afetados pelas enchentes de maio. Agricultores no RS ainda sofrem impacto da enchente
A equipe do Globo Rural revisitou algumas das áreas mais atingidas pelas enchentes do Rio Grande do Sul. E, quase quatro meses depois, encontrou agricultores ainda em compasso de espera.
Um estado com as feridas abertas. Em todo o Rio Grande do Sul, mais de três milhões de hectares foram afetados pelas enchentes de maio.
“Pegou maquinário, cercas. Até dá para ver na frente lá, tem uma árvore no meio da lavoura. Aquela árvore não era lá, né? Isso aqui foi tudo a força da água que trouxe. Aquilo lá é plantadeira de arroz. Aquela casa também foi totalmente destruída pela água”, explica o agricultor Germano Bortolás.
A casa e a plantadeira eram patrimônio do seu Sérgio Cassol, que perdeu mais coisas.
“Levou tudo. Tudo. Gado. Tinha 35 cabeças de gado, uns 30 porcos. Desceram água abaixo. Onde que ficaram, não sei. Tô sem o chão ainda, por enquanto”, conta o agricultor Sérgio Cassol.
Em muitos lugares, o solo ainda não secou.
Globo Rural revisita áreas mais atingidas pelas enchentes do Rio Grande do Sul
Reprodução/Jornal Nacional
Repórter: “O próximo plantio seria quando?”
Edislei Cechin, agricultor: “Seria em outubro.”
Repórter: “Vai dar tempo?” (silêncio)
Edislei Cechin, agricultor: “Sinceramente é no risco, né? A gente não tem como saber.”
Olha para entender um pouco mais o que se passou por aqui o Seu Jairo separou algumas amostras do arroz que ele tirou de uns silos.
“Para você ver, esse aqui arroz é o arroz perfeito, que não sofreu com a umidade, né? E aqui ele já está beneficiado, polido. Tá pronto para ir para o pacote, já para ir para a gôndola, né? Aqui, o mesmo só que ele sofreu a ação da enchente. É um cor barrosa, né, marrom”, explica Seu Jairo.
“É o barro que veio.”
“O barro que veio com a água, né? E aqui já ele pronto, mas não tem o que fazer. Beneficiado, polido, mas olha só: não tem mais utilidade para nada.”
Das mais de 200 mil propriedades atingidas pela tragédia, apenas 4.500 conseguiram acessar algum recurso do governo até agora.
“O meu psicológico não tá bom ainda”, explica a criadora Rose Lohmann.
Dona Rose e seu Marcos Lohmann ainda lidam com o mofo que teima em reaparecer na casa. Eles também não conseguiram reconstruir o chiqueiro dos porcos, levados pela correnteza, numa das cenas que marcaram essa tragédia. O casal plantou um pouco de aveia, mas as falhas na lavoura já começaram a aparecer. Bem ali, ao lado, de todo entulho deixado pela enchente.
“É triste a gente recolher essas coisas porque isso foi, uma pessoa trabalhou pra comprar isto. Era uma parte da vida dessa pessoa. O que eu tratei em 20 anos pra essa terra, eu perdi em 2 dias”, conta o criador Marcos Lohmann.
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