GM, Ford e Stellantis ficam sob pressão para avanço em negociações com metalúrgicos nos EUA
O impasse está alimentando preocupações sobre uma paralisação prolongada que poderia interromper a produção das três grandes de Detroit. O presidente do sindicato norte-americano de metalúrgicos United Auto Workers (UAW), Shawn Fain, disse em vídeo que anunciaria uma expansão das greves caso não ocorra um “progresso sério” nas negociações. Produção de veículos na fábrica da Stellantis em Goiana (PE)
Divulgação/Stellantis
O sindicato norte-americano de metalúrgicos United Auto Workers (UAW) e as montadoras GM, Ford e Stellantis têm nesta quinta-feira (21), um último dia para fazerem progressos significativos na negociação de contratos salariais antes que a entidade trabalhista anuncie uma expansão de greves pelos Estados Unidos.
O impasse está alimentando preocupações sobre uma paralisação prolongada que poderia interromper a produção das três grandes de Detroit, repercutir na cadeia de suprimentos e prejudicar o crescimento econômico dos EUA.
Na semana passada, o UAW lançou greves simultâneas sem precedentes em três importantes fábricas de veículos da General Motors, da Ford e da Stellantis.
Trabalhadores das três maiores montadoras de veículos dos EUA (Ford, Stellantis e General Motors) entraram em greve em 15 de setembro de 2023 por melhores pagamentos e estabilidade no emprego; a paralisação simultânea é inédita na história do sindicato da categoria, criado há 88 anos
Paul Sancya/AP
Na quarta-feira (20), a Stellantis juntou-se a GM e a Ford e dispensou alguns funcionários de outras fábricas devido aos efeitos das greves, incluindo escassez de peças, restrições de armazenamento e outros problemas.
O presidente do UAW, Shawn Fain, disse em um vídeo divulgado no final da segunda-feira (18) que anunciaria uma expansão das greves na tarde de sexta-feira (22), a menos que ocorra um “progresso sério” nas negociações. “Não estamos brincando”, disse ele na ocasião.
O mercado espera que os trabalhadores vinculados ao UAW façam uma manifestação em uma das duas fábricas da Ford em Louisville, Kentucky, na noite desta quinta-feira (21), em apoio aos funcionários em greve em outras fábricas.
O presidente-executivo da Ford, Jim Farley, disse anteriormente que a fábrica de picapes de Kentucky, que monta os modelos da série F, é a unidade produtiva mais lucrativa da empresa no mundo.
Analistas esperam que as fábricas que montam picapes de alta margem de lucro, como a F-150, da Ford; a Chevy Silverado, da GM, e a Ram, da Stellantis, sejam os próximos alvos se a paralisação continuar.
Fain afirma que as montadoras de Detroit não compartilharam seus lucros com os trabalhadores, optando por enriquecer executivos e investidores.
Na quarta-feira (20), o presidente da GM, Mark Reuss, rejeitou as alegações do sindicato de que os lucros recordes das montadoras são destinados a alimentar a “ganância corporativa”, dizendo que eles foram reinvestidos em veículos elétricos e também em carros movidos a gasolina.
No artigo de opinião publicado no Detroit Free Press, Reuss também chamou de “insustentáveis” as exigências do UAW de um aumento salarial de 40%, sinalizando que os dois lados permanecem distantes. As três montadoras propuseram aumentos de 20% em um período de quatro anos e meio.
Os trabalhadores do UAW também querem acabar com uma estrutura salarial escalonada que, segundo eles, criou uma grande diferença entre os funcionários mais novos e os mais velhos, forçando alguns a trabalhar em dois empregos para sobreviver.
A S&P disse que é altamente provável que as greves durem várias semanas, podendo reduzir o produto interno bruto dos EUA no terceiro trimestre em 0,39% e causar “transtornos” nas cadeias de suprimentos automotivas globais.
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