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Mercado tem operado tenso com demora na apresentação de propostas para contenção de despesas. Tebet diz que equipe preparou ‘pacote consistente’, que depende de aval de Lula. Ministro da Fazenda Fernando Haddad.
TON MOLINA/FOTOARENA/FOTOARENA/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (30) que entende a “inquietação” do mercado sobre o chamado “risco fiscal”, de descontrole das contas.
Ele acrescentou que a equipe econômica apresentará propostas de cortes de gastos obrigatórios para manter o arcabouço fiscal operante.
Ele não antecipou quais serão as medidas, mas indicou que elas poderão ser apresentadas nas próximas semanas por meio de Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
“Até entendo a inquietação, mas é que tem gente especulando em torno de coisas. De repente, assim o jeito que eu falo. Têm coisas absurdas assim que as pessoas falam no jorna […]. O meu trabalho é tentar entregar a melhor redação possível para que haja a compreensão do Congresso da situação do mundo, e do Brasil”, declarou o ministro.
O mercado tem operado tenso neste início de semana, com alta do dólar, queda da Bolsa de Valores e pressão sobre os juros futuros. Isso em razão da demora da equipe econômica em apresentar as propostas prometidas de cortes de gastos.
Nesta terça-feira, a equipe se reuniu por horas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para iniciar debates mais profundos sobre o corte de gastos.
Segundo Haddad, houve uma “convergência importante” com a Casa Civil sobre quais medidas serão apresentadas.
A explicação é que, sem a limitação das despesas, há o risco do fim do arcabouço fiscal (a regra para as contas públicas) nos próximos anos, o que elevaria ainda mais a dívida pública, com pressão adicional sobre a inflação e a taxa de juros cobrada pelos bancos.
“A dinâmica das despesas obrigatórias tem que caber dentro do arcabouço. Aideia é fazer com que as partes não comprometam o todo que o arcabouço tem, a sustentabilidade de médio e longo prazo”, declarou Haddad
“É a dúvida que preside as incertezas do mercado. ‘O que que vai acontecer se as despesas obrigatórias continuarem crescendo nesse ritmo?’ É uma é uma fórmula que permite que esse encaixe aconteça”, completou o ministro.
Pacote ‘consistente’
Haddad diz não haver data para divulgação de medidas para contenção de gastos
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, por sua vez, afirmou que foi preparado “um pacote consistente”, mas que ainda é preciso conversar com Lula sobre quais medidas que serão implementadas. A projeção de economia ainda está em discussão.
“Os valores, nós não podemos passar, porque só o presidente é que vai bater o martelo”, afirmou Tebet.
Segundo a ministra, há pressa para apresentar as medidas, mas não para aprová-las no Congresso Nacional, já que maior parte do impacto nas contas públicas fica para 2026. Tebet defende anunciar o pacote em novembro.
“O que precisamos é apresentar para o país um pacote consistente, autorizado e que dê conforto ao presidente da República. Deixando claro que não vamos tirar nenhum direito, isso foi um consenso entre o ministro Haddad e eu, não é só um pedido do Lula”, disse Tebet.
A ministra declarou que o governo prepara uma “modernização das políticas públicas”, que será o primeiro de pelo menos dois pacotes que tratarão de gastos estruturais.
“É o primeiro pacote estrutural que nós temos, o primeiro de pelo menos dois que teremos que fazer. Nós vamos apresentar agora o que a gente sabe, também, que é preciso conversar e combinar com o Congresso. Não adianta o presidente dar ok e a gente ter certeza que tem alguma medida que o Congresso não aprove”, declarou a ministra do Planejamento.
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